domingo, 31 de maio de 2009

Nossas discussões em Geografia

O que é preciso saber sobre a República Popular Democrática da Coreia - RPDC
para formular muitas perguntas e talvez responder umas poucas... prof. laurentina menezes valentim
Olhe em seu Atlas: as Coréias são uma península situada ao norte do paralelo 30 graus, avançando sobre o mar do Japão. Têm seu território associado fisicamente a China em sua porção NE, as altitudes médias de seus terrenos não ultrapassam os 1500m. O ponto mais elevado do país está a 2700m. Trata-se portanto de terrenos de baixa altitude e relevo suave (colinas e montanhas). O clima predominante é o temperado continental caracterizado por estações climáticas bem demarcadas, verões moderados e inverno frio, com temperaturas no período chegando aos ─ 2 graus C. Sua localização junto as bordas das placas Euroasiática e das Filipinas lhe confere alto grau de instabilidade geológica. Ali se dá uma zona de convergência entre placas (consulte seu livro pág 71.), a região é, portanto, sujeita a sismos como terremotos e vulcanismo.
A situação política da Coreia do Norte é muito particular; suscita interesse sua divisão em dois estados, quase que precisamente pelo paralelo de 38 graus. Na fronteira entre as duas Coréias encontra-se uma zona militarizada que reúne um grupo maior que 1.000.000 de soldados entre norte-coreanos, sul-coreanos e norte-americanos. A existência desta zona militarizada está ancorada na história recente da Coréia, assim resumida:
  • Japoneses ocupam a Coréia (unificada ainda, sem cisão entre Coreia do Norte e Coreia do Sul), explorando-a, até a Segunda Grande Guerra.
  • Ao final da Segunda Guerra a região é ocupada pelos russos em sua porção Norte e pelos norte-americanos em sua porção Sul. A guerra ideológica travada entre americanos e soviéticos germina a guerra da Coreia e deixa o país em ruínas.
  • No ano de 1953, termina a guerra na Coreia, mas os conflitos políticos sucedem. Ocorrem tambem governos militares duríssimos instaurados na Coreia do Sul.
  • A ocorrencia da Guerra Fria, explica a presença dos militares norte-americanos na zona militarizada entre as fronteiras coreanas.
  • A Coreia do Norte mantém sua orientação política associada aos ideais socialistas e por este motivo, tem uma relação comercial e diplomática delicada com países do entorno, incluído aí o Japão bem como com aqueles, que sustentam relação diplomática e comercial com os EUA. A China, que tem um Socialismo de Mercado, ainda lhe empresta parceria.
  • Coreia do Norte e Coreia do Sul são um retalho do mundo bipolar no Pacífico.
Registra a governo norte-coreano, que os EUA obstaculizam a reunificação pacífica entre as duas Coréias, insistindo em ter algum comando sobre o território. O governo norte-coreano rejeita firmemente a idéia de os EUA terem alguma ingerência sobre a região, e quer afastar de uma vez por todas sua presença do local. Quanto aos testes com armas nucleares, ao que parece o que motiva o governo norte-coreano é anunciar ao mundo sua força e insubordinação ao papel de xerife global, de que se investe o estado norte-americano.
Pyongyang descumpre acordos, não dá atenção as advertências do Conselho de Segurança da ONU, aponta e dispara mísseis na direção do Japão, anuncia que abandonará programas e pesquisa nucleares para em seguida, queixar-se publicamente que os Estados Unidos não podem ser os únicos a deterem armas de destruição em massa. Retoma, então os programas, reinicia pesquisa, realiza testes... Prossegue afirmando que o país não pode permanecer em paz enquanto as tropas norte-americanas não se retirarem. O governo vocifera, que não reconhece nenhum outro estado soberano na península que não o norte coreano pois a Coreia do Sul não passaria de uma colônia norte-americana. Sublinha também que os Estados Unidos da América promovem a demonização da Coreia, para mais uma vez justificar uma invasão sob o slogan “A Coreia do Norte é uma AMEAÇA”. As bombas da Coreia do Norte deixam o mundo inquieto e as tropas norte americanas e sul-coreanas acendem a luz de alerta na península. Voos de vigilância e atenção total, pois o cessar fogo de 1953 não está mais valendo. Tudo do mesmo de novo -, devemos nos indagar. Talvez não; parece que os EUA não se encontram em condições de partir para o confronto com a mesma boa disposição que já o fizeram em outras ocasiões... O governo tem novas cores e, soldados com perfil de Clarck Kent, morrendo ou torturando (tanto faz), não resultam num bom episódio. O norte-americano médio está suando diante da crise, diante da instabilidade e da ameaça que paira sobre seu emprego e padrão de consumo. Atravessou períodos de perdas sucessivas: com o ataque as Torres Gêmeas, a política fracassada de Bush que acirrou o antiamericanismo, o erro de estratégia no Iraque, enfim. .. Talvez não esteja disposto a perder a comoção positiva que tomou o país e o mundo nas últimas eleições presidenciais. Talvez esteja ansioso por cuidar de lamber as próprias feridas e precise então, delegar um pouco. A China, que tem poder de veto no Conselho de Segurança da ONU, rompeu a mudez e pediu que a Coreia do Norte interrompesse suas ações e testes nucleares. Estava inquieta e pôs-se a falar contra um seu parceiro ideológico... Uma retaliação poderosa, pois ninguém pode duvidar da força de Pequim. O Japão também reagiu, e acionou a ONU, prometendo adotar severas medidas contra o regime comunista. Há justiça em seus temores, pois os mísseis norte-coreanos apontam para a ilha e os japoneses foram os únicos a experimentar os efeitos de armas atômicas. Armas estas, lançadas pelos EUA. Um dos artefatos que desceu sobre Hiroshima, assombrando o mundo e ferindo por toda a História os japoneses, chamava-se Litle Boy. Não seria inteligente revolver este lodaçal. Assim as ações de embargo vem sendo acirradas, e a probabilidade é que se invista a exaustão na solução diplomática, evitando ações precipitadas como a que foi tomada em relação ao Iraque. Provavelmente a reação armada virá apenas desta forma, como reação, e se for necessário reagir a algum ataque concreto da Coreia do Norte, então Pyongyang perde qualquer eventual proteção, por que não há ideologia que possa vir a apoiar a reedição da dor, nos moldes em que foi impingida no único episódio de nossa história, em que um só menininho foi capaz de ferir tantos homens.