quarta-feira, 8 de julho de 2009

O BRIC

A sigla Bric, que é um acróstico de Brasil Rússia Índia China foi criada por um economista (Jim O´Neil – do Goldman Sachs em 2001), que a utilizou para definir o grupo de países considerado pelos especialistas, como de economia promissora. O´Neil agora assiste aos líderes destes quatro estados afirmar para o mundo sua confiança no futuro e nos prognósticos da Economia. O Brasil, a Rússia, a China e a Índia vêm provando desde antes da criação do termo, que se reconhecem como economias emergentes, e numa clara demonstração de pretender ser mais que uma sigla de relatórios econômicos e textos acadêmicos compareceram a um encontro na cidade russa de Ecaterimburgo, no último dia 16-06-09. Costurar acordos diplomáticos que favoreçam e fortaleçam o BRIC, não é tarefa impossível, mas é menos simples do que protestar publicamente o apoio mútuo. Alguns interesses conflitam, o Brasil, por exemplo, quer se fortalecer politicamente e busca assento no Conselho de Segurança da ONU, o que a China e Rússia já tem. E por motivos diversos nem China, nem Rússia demonstram entusiasmo quanto a esta pretensão brasileira, a China por que teme que novos membros fortaleçam a posição do Japão (um seu inimigo histórico), a Rússia é européia demais, central demais... Talvez não para estabelecer parcerias com um país ao Sul, e do Sul, mas muito certamente para querer, de pronto, dividir poder e decisão num fórum como a ONU. A Rússia, por sua geologia é grande na produção de petróleo, gás, carvão, o Brasil é grande nos agronegócios, a China produz de tudo em quantidades proporcionais a seu tamanho, e a Índia é destaque nas tecnologias. Cada país tem realce em diferentes setores, e em alguns pontos divergirão de modo peremptório. Nada que não possa vir a ser superado, se os interesses que os aproxima falarem mais alto que as divergências. Afinal, o jogo da política é um tabuleiro onde cabem bem mais que dois jogadores e um sem-número de estratégias é cabido. Aqueles que comentam e assistem desde o início esta partida, têm feito suas apostas... Uma Olimpíada em 2008, uma Copa do Mundo em 2014, um circuito que orienta os olhos do mundo e quer prosseguir até 2018 na Rússia. Quanto ao Brasil...O Brasil é uma democracia consolidada, um país de significativa extensão territorial, 190 milhões de uma população que fala um só idioma, e que elegeu (e reelegeu), um representante carismático que se ajusta perfeitamente, por sua trajetória política e história pessoal, aos termos superação e promessa. Assim o Brasil, supera e ganha importância no Cone Sul, supera e ouve do representante máximo dos EUA que seu presidente “é o cara”, supera e mantém algum equilíbrio durante a crise econômica global – provando a força de suas instituições e a diversidade de sua economia. Promete e apresenta ao mundo o pré-sal, e o álcool combustível (que vale como um MDL), promete porque conta com uma população adaptável e ainda jovem, promete como força em ascensão no campo de alimentos, promete e esconjura o fantasma do FMI de tão assustadora memória... Este Brasil de superação e promessa fica devendo muito ainda, pois é também um Brasil de fisiologismos e de infraestrutura viária deficiente, um Brasil de justiça morosa, um país de violências e segregações, dados que põe em alerta o capital financeiro, mas não o afasta. É fato inegável que o mundo anda atraído pelo Brasil. O Brasil vem sendo levado a sério por muitos e por muitos motivos, alguns deles explanados neste texto, se também passar a se levar a sério e investir na construção do novo, livre dos elementos que lhe remetem ao passado, o prognóstico de O´Neil se tornará uma oportuna realidade.